Yiannis Boutaris foi empurrado, atirado ao chão, esmurrado e pontapeado. As posições do político sobre vários assuntos são vistas pela extrema-direita como uma traição ao país.
O presidente da câmara de Salónica, Yiannis Boutaris, foi agredido por uma multidão de nacionalistas gregos numa cerimónia de homenagem às vítimas de perseguições e massacres pelo Império Otomano durante e depois da Primeira Guerra Mundial.
As imagens mostram Boutaris, de 75 anos, a ser empurrado, esmurrado e pontapeado mesmo depois de ter sido atirado ao chão.
O político recebeu pouca protecção contra o ataque, apesar da presença de agentes da polícia. Foi agredido até chegar ao automóvel e durante esse trajecto recebeu apoio de um segurança e da vereadora para a Solidariedade Social da Câmara de Salónica, Calypso Goula.
"Foi um pesadelo. Fui atacado por várias pessoas. Bateram-me em todo o corpo", disse Yiannis Boutaris ao site Greek Reporter.
Kostas Tsakalidis, um repórter fotográfico de Salónica, disse ao canal Al-Jazira que "nenhum polícia interveio".
"Um grupo de pessoas começou a gritar contra as opiniões dele sobre a disputa com a Macedónia, sobre a comunidade LGBTQI, sobre a Turquia e sobre os clubes de futebol nacionalistas", disse Tsakalidis. O mesmo repórter disse que muitos dos atacantes estiveram presentes em manifestações da extrema-direita nos últimos meses.
Genocídio e Macedónia
O ataque aconteceu durante a cerimónia anual de homenagem às vítimas de massacres e perseguições contra as populações gregas pelo Império Otomano. A Grécia considera que essas perseguições e massacres, que começaram no fim da Primeira Guerra Mundial e que se prolongaram até ao fim da guerra greco-turca de 1919-1922, constituem um genocídio.
Os nacionalistas acusam Boutaris de trair o país por, entre outras coisas, defender um acordo com a Antiga República Jugoslava da Macedónia, que reclama o direito de ser tratada apenas como República da Macedónia.
Para além de ser o nome de uma região no Norte da actual Grécia, a Macedónia é também uma região histórica que chegou a englobar territórios pertencentes a países como a Grécia, Albânia, Bulgária, Sérvia e Kosovo, para além da Antiga República Jugoslava da Macedónia.
Com o fim da Jugoslávia, em 1992, a disputa sobre o nome subiu de tom. De um lado, a então recém-independente Macedónia exigia ser reconhecida como República da Macedónia; do outro lado, a Grécia vacila entre a oposição total ao uso do nome Macedónia (posição apoiada pelos nacionalistas) e a abertura para discutir uma solução que inclua uma referência geográfica, como República da Macedónia do Norte ou República da Alta Macedónia (apoiada por políticos como Yiannis Boutaris).
O presidente da Câmara de Salónica critica o desejo da Antiga República Jugoslava da Macedónia de ser reconhecida apenas como Macedónia, por entender que isso implica uma apropriação de aspectos históricos e culturais gregos, mas defende um acordo entre os dois países "para pôr fim aos problemas" e porque "mais de 160 países já reconheceram o nome Macedónia".
Ataques de ódio em alta
O ataque contra Yiannis Boutaris foi condenado pelos principais partidos gregos, da esquerda ao centro-direita. O Syriza, no poder, referiu-se aos atacantes como "fascistas" que querem "intimidar Boutaris". O Pasok, do centro-esquerda, disse que o ataque foi obra de "elementos extremistas" e que é "um embaraço para o país". E o Nova Democracia, do centro-direita, publicou um comunicado onde condena o ataque "da forma mais inequívoca possível".
De acordo com as estatísticas da polícia da Grécia, o número de ataques de ódio mais do que duplicaram no ano passado em comparação com 2016, de 84 para 184. Isto sem contar com ataques que poderão não ter sido registados nem comunicados às autoridades.
- Depois de ler “As posições do político sobre vários assuntos são vistas pela extrema-direita como uma traição ao país.” fui tentar perceber quais são os “vários assuntos”… e não encontrei nada além da disputa do nome de Macedónia no texto do Público … Bom, acredito que sendo Salónica a Macedónia ou estando na Macedónia possa haver suscetibilidade que aqui a milhares de kms de distância não sintamos por alguém se apropriar do seu nome.
- Mas creio que é bem mais que isso, o Presidente, abastado empresário, destaca-se pelos seus ideais e práticas anti-nacionalistas, dizem, que se traduzem por exemplo desde a sua proximidade às políticas de austeridade de Bruxelas ao seu propósito de construir mesquitas para os imigrantes albaneses e em geral os acolher. Ainda ontem comentai algo sobre que a seguir à total islamização dos Balcãs a Grécia ficaria isolada, sem saber que as coisas por lá já estão a aquecer.
- Mas voltando à questão, os habitantes de Salónica têm por base os refugiados de Esmirna e portanto com alguma memória mais recente do confronto com o turco que o resto dos gregos. Judeus já saíram todos e os muçulmanos que restaram eram uma minoria ínfima, nem 1% seriam. Mas agora reforçados com imigrantes albaneses nas últimas décadas. O Presidente hoje aparecer numa “homenagem às vítimas de perseguições e massacres pelo Império Otomano”, onde estaria imagino eu no exercício do cargo, terá sido mal recebido ou entendido pelos presentes na homenagem…
- Infelizmente por lá a coisa está a “aquecer” e cada vez mais a Grécia estará isolada e abandonada, sendo um terreno propício a todos os extremismos desesperados. Estes extremistas caceteiros, apelidados de nacionalistas, são uma versão “soft” por exemplo dos “nacionalistas” de Kiev que de facto são nazis que marcham encapuzados e empunhando tochas sob a bandeira vermelho-negra e a quem a Comissão Europeia paga os ordenados e despesas para por lá andarem entretidos a matar os russo-falantes que querem continuar a viver onde sempre viveram e a falar a língua que sempre falaram.
- Portanto “nacionalistas” há muitos, uns são úteis e outros podem ser incómodos, pelo que creio que o problema não está centrado nos nacionalistas em si mas nas acções e deliberações “superiores” desfasadas e desligadas das vontades das populações, como a austeridade eventualmente estúpida e punitiva, um europeísmo exacerbado, uma miscelânea militante em sociedades ainda com memória recente, etc, etc… Enfim, ai dos gregos.
- Neoliberalismo/ Austeritarismo/ Europeísmo totalitário a alimentarem a extrema direita!! Antes do Euro, e da consequente miséria que provocou e provoca, estes trogloditas estavam bem mais ostracizados!
- São os Jonas, os Joões e os Josés lá do sítio.
- A atomização do pensamento e das consciências é um produto das políticas de agressão ao bem-estar dos povos. A radicalização das pessoas desorientadas, sem esperança, guiados pela superficialidade da desinformação das redes sociais abundantemente ampliadas pela comunicação social dá nestes atos de desespero gratuitos, selvagens de consequências fascizantes. Falta ideologia no debate político, abunda a tecnocracia, o pragmatismo da TINA. Impõem-se a unidade dos democratas, pela liberdade, prosperidade e política democrática no lugar da tecnocracia da TINA.
- Interessante constatar como o PÚBLICO não revela quaisquer hesitações em apontar os agressores como sendo de extrema-direita. Mas quando uma professora do Porto foi selvaticamente agredida por ciganos, familiares de um aluno de 8 anos, o PÚBLICO não só omitiu a comunidade étnica dos agressores, como polvilhou a sua notícia de 8 de Maio com termos como "terá acontecido", "terão agredido", etc. É a cartilha politicamente correta a ser seguida à risca...
- Se calhar estavam carequinhas e vestidinhos com roupinha de skins... Não deram margem para dúvidas... Se calhar é óbvio que não seriam os de esquerda a dar um enxerto de porrada ao homem... Quanto à agressão efectuada por pessoas do Bairro do Lagarteiro à professora, deve ser punida. Óbvio.
- Sandra, será que os que espancaram a professora estariam disfarçados de não-ciganos?...
- Admito. Escrevi, escrevi, escrevi... Depois apaguei. Não fazia sentido. Tens razão. Não estavam disfarçados.
- A verdadeira face da extrema direita: violencia e proibicao de liberdade.
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